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A mostrar mensagens de abril, 2018

Viagens da nossa terra, Albufeira e Silves

Uma  rubrica semanal de Diogo Xavier, estudante da FLUC  e viajante a tempo parcial. Albufeira é uma terra ali para o fundo os reformados ingleses chegam barbudos para esperar o milagre dos trezentos dias anuais de sol. Chegámos com o sentimento de engrossar clichés e, de certa forma, há um fundo de verdade. Ao pé da praia, cafés patrocinam os jogos de futebol da tarde. Huddersfield Town vs Everton, Swansea City vs Chelsea, etc. Os menus apresentavam letras pequenas em português, letras garrafais em inglês. Há, em Albufeira, lugares comerciais feitos de ingleses para ingleses. E não existe, em princípio, problema nenhum nisso. Mas interessava-nos a paisagem, a praia viva, a água marítima inexplicavelmente azul, profundamente azul. Demos uma volta por ali a sentir os cheiros. Fomos almoçar à Guia, terra conhecida pelo seu frango, suculento, é certo. Pela tarde, visitámos o Zoomarine, que é um dos mais belos lugares do mundo.  O Zoomarine está construído no sentido de co

O Homem controlador do Universo - Diego Rivera

A genialidade que se sugere este fim-de-semana está relacionada com o nascimento de um movimento cultural e social no México, o Muralismo mexicano e um dos seus mais influentes autores, Diego Rivera. Nascido em Guanajato, México, em 1886, Diego morreu com quase 71 anos em 1957 na cidade do México. Foi um dos mais influentes fundadores do movimento, juntamente com José Orozco e David Siqueiros. Ficou mundialmente conhecido o seu relacionamento com Frida Kahlo, mas foram diversos os seus relacionamentos, mesmo com Frida o seu relacionamento foi conturbado, tendo se separado e junto várias vezes com a pintora. Mas falando do que realmente interessa, das obras, foram várias as obras míticas que o pintor nos deixou. Influenciadas pelos gostos políticos de Rivera, que era um marxista convicto que acolheu Trotsky após a sua expulsão da União Soviética, as suas obras dão grande ênfase à componente social que se reflecte nos seus morais, que procuram mostrar a desigualdade entre

O efeito primaveril

O cheiro matinal a orvalho fresco e húmido Que corre pelas folhas das plantas Traz consigo o canto harmonioso Um lusco-fusco Animado, colorido e glorioso Florido mas também brusco Que faz ressurgir tudo de novo É o alvorecer da vida As cores pintam a paisagem  Voltam a nascer as folhas, as ervas e as flores  Os pássaros voltam da longa viagem  Cantando de forma afinada e agradecida Juntamente com os seus amores O início da hospedagem São os efeitos da Primavera T'shirts, saias e calçoes No futebol, na escola, América e  Coreia Altura de grandes decisões De finos na esplanada e grandes ilusões Constituidas por conversa e longa espera Das filas intermináveis para concertos e aviões  Invadidos por uma alcateia De pólens, alergias e comichões  Nem todos gostam dela Mas não há outra maneira De fugir da Primavera Porque podem cortar uma flôr Mas jamais deterão uma multidão delas.

Cenas da luta de classes em Portugal

Os cravos acompanhavam as pessoas no habitual desfile de 25 de Abril,  o dia foi de comemoração e a boa disposição era geral, até o ar que se respirava era mais fresco e sabia mais a Primavera. Passaram 44 anos desde que foi restaurada a democracia em Portugal, e só por si, esse facto já merece ser comemorado, no entanto a revolução dos cravos foi mais do que a queda de um regime fascista, foi a tentativa de implementação de uma sociedade diferente do até então estabelecido por cá. Os progressos são inegáveis, além da liberdade, conseguimos progressos sociais que nos fizeram ganhar uma diferente consciência. Mas ao longo destes 44 anos já muito se perdeu.  Dos valores de Abril, já pouco sobra e a tendência com o avançar dos anos é piorar. Resta festejar este dia, não só hoje mas todos os dias, senão de nada serve termos outra consciência. Por isso deixo convosco um documentário produzido por dois americanos que acompanharam o período pós 25 de Abril, entre 1975 e 1977, e que mo

Pequeno conto sobre José Sócrates

Era um rapaz bonito, um rapagão nortenho que poderia vir a tornar-se militar ou doutor. Era década de 80, todos ouviam sweet dreams e sonhavam, um novo mundo, os novos rostos da liberdade a agigatarem-se nos painéis das televisões ( a televisão ganhava cores ia ser tão grandioso ). Era Sócrates, por motivos quase proféticos. Era José por motivos quotidianos, e, embora esse estatudo nunca vá ser reconhecido aos olhos de quem não vê o destino, por motivos quase proféticos. Que iam pensar dele? Mas como olhar para trás e fazer prognósticos? Era um rapagão, tinha a esperança e a confiança, a candura e a imagem. Não havia mentira nem uma só no campo minado que parecia dos alpes em tempo de primavera. Ele olhava-se ao espelho muitas vezes, tinha em si o amor por si. Fazia-se entender. Fazia cerrar o punho até ao momento da assinatura. - Que pensam de mim? Perdi muitas pessoas, o castigo foi grande, se me permite Perdeu muitas pessoas - Tentei compensar, há ma

As portas que Abril abriu - Ary dos Santos

Em vésperas de uma das mais importantes datas do calendário português, o 25 de Abril, quero deixar convosco uma genialidade de um verdadeiro génio, que em muito ajudou a que fosse possível a revolução dos cravos, fazendo da poesia uma verdadeira arma da resistência fascista, José Carlos Ary dos Santos. Autor de poemas icónicos do cenário nacional, Ary dos Santos, deixou um antes e um depois da sua passagem pela terra, poemas que se transformaram nas melhores músicas do século XX, como, "a desfolhada", "os putos" "Lisboa menina e moça" e tantas outras que ainda hoje passam nas rádios. Em plena ditadura, corria o ano de 1938, nasce Ary dos Santos. Cedo o seu bichinho pela escrita nasce e já na adolescência, então com 16 anos vê os seus poemas serem escolhidos para o prémio Garret. Ary começou a sua militância em 1969 no Partido Comunista Português, mesmo tendo descendência de famílias aristocratas sempre procurou lutar contra o tipo de sociedade em q

Os recursos e o abismo

Enquanto o capitalismo selvagem existir, os recursos naturais não passam de recursos monetários. Os recursos deveriam ser de todos, assim como o mundo que vivemos, no entanto estes são de uma exclusiva parte, que os procura numa busca infinita num mundo finito. Esta busca incessante e monopolista por parte dos donos disto tudo têm provocado a destruição da mãe Natureza, o que irremediavelmente vai levar também o causador disto tudo ao abismo, o Homem. Esta contradição lógica entre recursos infinitos e mundo limitado faz com que os recursos comecem a escassear. Por agora é o petróleo e o carvão que têm os dias contados, no entanto, e não num futuro muito distante, até os recursos mais vulgares do nosso quotidiano estarão em perigo de escassez. Resta manter a esperança em quem acredita noutro tipo de sociedade. Uma sociedade onde o homem consiga viver em simbiose com o que têm e não com o que quer.

Galinhas do Mato - José Afonso

José Afonso dispensa apresentações. Mais conhecido por Zeca Afonso, foi um dos maiores ícones musicais do século XX da língua portuguesa, não só pelas suas letras mas também pela sua instrumentalidade. Zeca combinava a escrita para um povo com os seus ritmos, juntando o fado de Coimbra, as chulas do Minho, as batidas africanas e a lírica de um povo em sofrimento, formando uma simbiose única entre ritmo e rima. Zeca nasceu em 1929 e morreu em 1987, pouco mais de 57 anos de vida. Uma vida curta, como a maior parte dos génios, morreu cedo de mais, mas ao contrário desta maior parte não foi devido aos vícios mas sim a uma doença degenerativa que o deixou em agonia até ao momento da sua morte. Viveu a maior parte da sua infância em África, criando um gosto pelos ritmos e tradições africanas que mais tarde se iria notar na sua discografia. Foi um dos maiores impulsionadores da escola de Coimbra, veio para a cidade em 1949 para ingressar na Faculdade de Letras da Universidade de Coimb

Opiniões Expresso - Vera Fernandes

O «Opiniões Expresso», pretende dar a conhecer a opinião de pessoas conhecidas de todos nós  sobre citações polémicas de intelectuais contemporâneos.  Nesta segunda rubrica vamos dar a conhecer a opinião de Vera Fernandes. Locutora de rádio, é uma voz bem conhecida dos portugueses, juntamente com o Pedro Ribeiro, Vasco Palmeirim,  Nuno Markl,  César Mourão e  Ricardo Araújo Pereira, alegra a manhã de milhares de pessoas,  nas «Manhãs da Comercial», sendo o programa matinal líder de audiências em Portugal. Antes de trabalhar na Rádio Comercial, Vera Fernandes trabalhou também para a Cidade FM, Smoth FM e mais reconhecidamente nas tardes da M80, fazendo dela uma das mais reconhecidas locutoras de rádio para os portugueses. Site das manhãs da Comercial Nesta primeira série de duas citações que é proposta a várias pessoas, os autores das questões questões são o nobel José Saramago e Eduardo Galeano. É um café - «Há quem continue a procurar um Deus porque ainda não apagám

Universo em desencanto - Tim Maia

Hoje falamos de Tim Maia, um génio brasileiro, que como todos os génios, tinha tanto de talento como de loucura. Nascido no Rio em 1942, Tim cedo mostrou aptidão e gosto pela musica, tendo sido um dos mais notáveis cantores de  «Soul»  da sua geração, não só no Brasil, como no resto do mundo.  Passados 20 anos da sua morte, ainda hoje um pouco por todo o lado as suas músicas são um sucesso, fazendo de Tim uma referência para todos os que gostam da boa música. O álbum que escolhi para relembrar a vida de Tim Maia, foi um álbum polémico, aliás, como toda a sua vida, O Tim Maia Racional. Nesta fase da sua vida, Tim que era dependente químico das drogas e do álcool além de denotar excesso de peso, descobriu uma religião, o universo em desencanto, e foi nesse exacto momento que mudou de vida. Deixou as drogas, o alcool, passou a vestir-se só de branco e acima de tudo virou um guia espiritual, doutrinando através do que melhor sabia fazer, a música. Fez este álbum dividido em duas

Um tabuleiro Sírio

O calculismo Soviético de Putin ou a extravagância Americana de Trump? O Jogo começou à mais de 7 anos mas o fim ainda é imprevisível, não se sabendo o final de um de uma das mais longas partidas de Xadrez do mundo, ou então como é conhecida, a guerra Síria. Os primeiros peões já cairam, já avançaram os cavalos e foram mobilizadas as torres, no entanto os reis ainda se encontram seguros, protegidos pelos bispos.   Mas quando tiverem que cair, qual será o primeiro sucumbir ?  Ou será que já não existirá tabuleiro para se continuar a partida e terá que se encontrar um novo e reiniciar tudo de novo? Os peões que sucumbiram já não podem fazer nada mas os que restam podem acabar com o xadrez e começar a jogar damas. Partilhar

Viagens da nossa terra, Chipiona

Uma  rubrica semanal de Diogo Xavier, estudante da FLUC  e viajante a tempo parcial. Chipiona é aterradora quando se chega de carro, depois de oito horas de viagem a partir de Coimbra. Quando são cinco horas da manhã, depois de uma longa viagem, qualquer sítio parece morto, derramando sobre si uma escuridão infinita. Chipiona não é excepção se chegares no fim da festa, quando, numa madrugada de sábado, os jovens já deram os primeiros beijos das suas vidas e já vomitaram depois da carraspana. Quando o sol se arredou e a praia ganhou apenas o som das ondas que não param, as ondas nunca param num movimento perpétuo de aflição na areia. É nesse momento que Chipiona não tem ainda sentido ou já o perdeu.  O melhor caminho é dormir, admitindo a chegada tardia. Foi isso que fizemos, no hotel monterrey, que fica mais ou menos entre a  avenida de sevilha e o anarquista húngaro que escolheu para a vida esculpir crocodilos de unhas pintadas na areia de Chipiona. Perto

Um passeio pela Cabreira

Saímos da bela vila de Vieira do Minho já o dia ia numa longa jornada, o sol estava alto mas não o suficiente para nos queimar, um dia primaveril, típico de Abril que nos permitiu vislumbrar uma das mais magníficas serras do país a brotar de novo a natureza depois de um inverno rigoroso que renovou um ciclo infinito de beleza que se actualiza a cada ano que passa. A Serra vista a partir de baixo, é imponente, mais que a altura que têm (pouco mais de 1200 metros), estende-se de uma ponta à outra do concelho de Vieira do Minho. Dando o nome a este, pelo seu formato de concha de uma vieira, estas terras são um sítio fértil à proliferação da fauna e da flora abrigadas pelas colinas verdejantes da serra que criam um microclima diferente do resto do país. Chegados à serra, a paisagem muda drasticamente, a vegetação é mais rasteira mas é onde aparecem os pequenos paraísos perdidos por estes locais. Pequenas lagoas que nascem naturalmente, esculpidas pelas águas do rio Ave