Avançar para o conteúdo principal

O Zé

O Zé todos os dias acorda com um ar cansado
Na realidade há mais de um mês que não consegue descansar
Passa a maior parte do tempo ocupado
A trabalhar para os donos, mal consegue respirar

Vai, aguenta, e aperta o cinto
O cabedal que se lixe
O seu corpo aguenta com isto
O Zé tem sempre contas para pagar,  e no final
Pode ser que pense nisso

A Filha do Zé acabou de fazer dois anos
E o Zé a queria agraciar
Mas o dinheiro era tão pouco
Que o Zé só a levou a passear

O Zé um dia ficou sem casa
Já não a conseguia pagar
A filha foi-lhe retirada
E a mulher pô-lo a andar

Este é o Zé
O Zé povo que trabalha
O Zé que ninguém vê mas todos conhecem
O Zé que fica sem nada
O Zé que enaltecem
Quando fica com a boca calada

Ó Zé, são coisas que acontecem
Por isso, levas uma vida explorada









Comentários

Mensagens populares deste blogue

O Homem controlador do Universo - Diego Rivera

A genialidade que se sugere este fim-de-semana está relacionada com o nascimento de um movimento cultural e social no México, o Muralismo mexicano e um dos seus mais influentes autores, Diego Rivera. Nascido em Guanajato, México, em 1886, Diego morreu com quase 71 anos em 1957 na cidade do México. Foi um dos mais influentes fundadores do movimento, juntamente com José Orozco e David Siqueiros. Ficou mundialmente conhecido o seu relacionamento com Frida Kahlo, mas foram diversos os seus relacionamentos, mesmo com Frida o seu relacionamento foi conturbado, tendo se separado e junto várias vezes com a pintora. Mas falando do que realmente interessa, das obras, foram várias as obras míticas que o pintor nos deixou. Influenciadas pelos gostos políticos de Rivera, que era um marxista convicto que acolheu Trotsky após a sua expulsão da União Soviética, as suas obras dão grande ênfase à componente social que se reflecte nos seus morais, que procuram mostrar a desigualdade entre

A eucaliptização do futebol português

As raízes aprofundaram, invadiram a terra alheia e estão prestes a secar a fonte, a competitividade desportiva que, há muito deixou de ser importante neste "lindo" eucaliptal.

As portas que Abril abriu - Ary dos Santos

Em vésperas de uma das mais importantes datas do calendário português, o 25 de Abril, quero deixar convosco uma genialidade de um verdadeiro génio, que em muito ajudou a que fosse possível a revolução dos cravos, fazendo da poesia uma verdadeira arma da resistência fascista, José Carlos Ary dos Santos. Autor de poemas icónicos do cenário nacional, Ary dos Santos, deixou um antes e um depois da sua passagem pela terra, poemas que se transformaram nas melhores músicas do século XX, como, "a desfolhada", "os putos" "Lisboa menina e moça" e tantas outras que ainda hoje passam nas rádios. Em plena ditadura, corria o ano de 1938, nasce Ary dos Santos. Cedo o seu bichinho pela escrita nasce e já na adolescência, então com 16 anos vê os seus poemas serem escolhidos para o prémio Garret. Ary começou a sua militância em 1969 no Partido Comunista Português, mesmo tendo descendência de famílias aristocratas sempre procurou lutar contra o tipo de sociedade em q