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A informação desinformada

Vivemos numa era da informação. São tempos em que abundam por aí meios de informação e em que as milhares de notícias que saem diariamente nos informam acerca do que se passa ao redor do globo, pelo menos deveria ser assim. Mas não é, a quantidade é tão massiva que as fontes acabam por se perder, gerando um tráfego de desinformação tão grande ou mesmo maior que o de informação, fazendo com que os tempos actuais sejam também os tempos mais desinformados desde que há memória.




Do conflito da Síria, passando pela questão da soberania na Catalunha, ou do sempre polémico presidente dos EUA, Donald Trump, sem esquecer o que se passa no Brasil, a informação com que somos bombardeados faz extremar posições, sem que realmente se discuta o que importa e se informe as massas dos reais acontecimentos e das causas que iniciaram tais acontecimentos.

Comecemos pela Síria, o que sabemos na realidade ? A informação que o ocidente nos partilha, que o regime é ditatorial e que os Russos são a causa de todos os problemas lá existentes, já nem se fala do extremismo islâmico, voltamos à Guerra Fria e a culpa passou para o lado dos Russos. Do lado oposto, o grande vilão a apontar continua a ser o ocidente por perpetuar guerras como fonte de financiamento, afirmando que o extremismo foi financiado pelos aliados da NATO. Mas na realidade, alguma da informação é verdadeira ? Muita sim, mas mais ainda é inventada, criando as «fake news», que têm como único propósito fomentar o ódio contra a outra parte, fazendo tudo, menos informar sobre o que se passa no terreno e de como evolui a situação em relação aos Sírios, que são os que menos importam no meio desta questão.

Na Europa ocorre o mesmo, poderíamos falar do crescimento da extrema direita, do Brexit, ou do caso Skripal, mas esta situação ocorre nas nações vizinhas da Espanha e Catalunha. Tudo começou como uma questão de auto-determinação e soberania. Mas como não era isso que interessava falar, começou a surgir demasiada desinformação, mais uma vez apontando culpados ao leste, desvirtuou-se a questão, e em vez de se falar da auto-determinação dos povos plasmada nos direitos do Homem, começou a individualizar-se a questão e começou a falar-se de rebelião organizada.

Neste assunto não poderíamos deixar de falar do presidente dos Estados Unidos, que sendo populista, não deixou de aproveitar este momento como forma de se promover, defender ou atacar quem quer que seja. Se não gosta da conversa «It's fake news», se lhe soar bem parte para as ameaças como se a fonte fosse completamente fidedigna. Esta diferença ténue entre o que é verdadeiro e falso permitiu dar asas a que os populistas começassem a dominar o mundo um pouco por todo o globo, e os Estados Unidos foram dos primeiros experimentos mundiais na era da desinformação.

Mas o caso mais alarmante de todos acaba por ser o Brasil. No início da «Lava Jato» todo um povo queria justiça contra os mais diversos quadrantes sociais que roubaram os recursos de todos os brasileiros. Com o avançar do processo, surgiu mais do que em qualquer outro país, este aumento de desinformação que fez com que a questão passasse apenas para o domínio político e que agora apenas se discuta se és Lula ou Moro, e que a maior parte dos ladrões continuem à solta sem que se fale no seu nome. Aqui o poder dos média é tão grande, que os julgamentos são antes de mais, feitos na praça pública contra quem mais lhe interessa e em desrespeito pelos direitos constitucionais. Mais parece o início de uma futura ditadura.

A desinformação é tanta, que acabo por dar razão à expressão «uma mentira repetida muitas vezes acaba por ser uma verdade», pelo menos no mundo actual e enquanto as pessoas continuarem a comer toda a «informação» que lhes dão ao almoço e jantar.










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