Era um rapaz bonito, um rapagão nortenho que poderia vir a tornar-se militar ou doutor. Era década de 80, todos ouviam sweet dreams e sonhavam, um novo mundo, os novos rostos da liberdade a agigatarem-se nos painéis das televisões ( a televisão ganhava cores ia ser tão grandioso ).
Era Sócrates, por motivos quase proféticos. Era José por motivos quotidianos, e, embora esse estatudo nunca vá ser reconhecido aos olhos de quem não vê o destino, por motivos quase proféticos.
Que iam pensar dele? Mas como olhar para trás e fazer prognósticos?
Era um rapagão, tinha a esperança e a confiança, a candura e a imagem. Não havia mentira nem uma só no campo minado que parecia dos alpes em tempo de primavera. Ele olhava-se ao espelho muitas vezes, tinha em si o amor por si. Fazia-se entender. Fazia cerrar o punho até ao momento da assinatura.
- Que pensam de mim? Perdi muitas pessoas, o castigo foi grande, se me permite
Perdeu muitas pessoas
- Tentei compensar, há matérias desconhecidas
Perdeu muita coisa e tentou compensar, mas não passava. Eram as perdas irreparáveis.
- Chamo-me José Sócrates e olho-me muitas vezes ao espelho. Fui, em tempos, inocente.
Voltando ao passado, ali na Covilhã a escutar a Sweet Dreams. Tantos sonhos há que ficam por cumprir
Comentários
Enviar um comentário