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Viagens da nossa terra, Albufeira e Silves

Uma  rubrica semanal de Diogo Xavier, estudante da FLUC  e viajante a tempo parcial.


Albufeira é uma terra ali para o fundo os reformados ingleses chegam barbudos para esperar o milagre dos trezentos dias anuais de sol. Chegámos com o sentimento de engrossar clichés e, de certa forma, há um fundo de verdade. Ao pé da praia, cafés patrocinam os jogos de futebol da tarde. Huddersfield Town vs Everton, Swansea City vs Chelsea, etc. Os menus apresentavam letras pequenas em português, letras garrafais em inglês. Há, em Albufeira, lugares comerciais feitos de ingleses para ingleses. E não existe, em princípio, problema nenhum nisso. Mas interessava-nos a paisagem, a praia viva, a água marítima inexplicavelmente azul, profundamente azul. Demos uma volta por ali a sentir os cheiros. Fomos almoçar à Guia, terra conhecida pelo seu frango, suculento, é certo.


Pela tarde, visitámos o Zoomarine, que é um dos mais belos lugares do mundo.  O Zoomarine está construído no sentido de conciliar o espectáculo com a sensiblização para a proteção dos animais, principalmente aqueles que, fruto da exploração incessante dos recursos naturais, se encontram em risco de extinção. Vimos apresentações de aves de rapina, aves exóticas, leões marinhos e, aquela que mais impressionou, de golfinhos. Aqueles animais, descendentes, todos, do falecido golfinho Sam que, até 2011, fazia as delícias dos visitantes, têm algo de muito especial. Eles comunicam. Como se soubessem escutar e, a partir daí, resolver todos os problemas do mundo. 



Além disto, há nos trabalhadores do zoomarine uma alegria de quem faz aquilo que gosta. Talvez isso queira dizer que só somos felizes quando a natureza faz parte dos nossos sacrifícios. 

Saímos depois de ver, no final da visita, um espectáculo de acrobacias em que a figurava o actor David Almeida. O David Almeida é talvez o anão mais conhecido de Portugal, isto para definir quem é, estão a ver, não?



À saída do Zoomarine, o David Almeida foi com alguns amigos para o carro, sem palmas nem pedidos de autógrafos nem nada. Num quotidiano impressionante. Já nos tinha acontecido por uma ocasião em que saíam os actores do teatro maria vitória depois da revista. Mas ficámos a pensar, como é que estas pessoas conseguem dar espectáculos maravilhosos e depois saem como se nada fosse. Para o carro. Em vez de apanharem uma nuvem e seguir na direcção do sol.




Posto isto, seguimos para Silves. Visitámos o castelo. Estamos fartos, já, de falar de castelos. Importa referenciar, apenas(!!!!), que sempre que visitamos um castelo, é como se as pedras resvalassem para as nossas mãos e a hora da batalha chegasse. O castelo de Silves tem ainda no seu interior uma impressionante presença árabe. Sentes-te, tu mesmo, de pele excessivamente morena, carregada de raios de luz como poucas. Sentes-te, tu mesmo, a vestir roupa muito clara enquanto acaricias a barba e planeias a letra do you want it darker. Es, de repente, o Leonard Cohen. Chegou a revolução do Sul. You want it darker? We kill the flame


   

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