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Mensagens

Viagens da nossa terra, Albufeira e Silves

Uma  rubrica semanal de Diogo Xavier, estudante da FLUC  e viajante a tempo parcial. Albufeira é uma terra ali para o fundo os reformados ingleses chegam barbudos para esperar o milagre dos trezentos dias anuais de sol. Chegámos com o sentimento de engrossar clichés e, de certa forma, há um fundo de verdade. Ao pé da praia, cafés patrocinam os jogos de futebol da tarde. Huddersfield Town vs Everton, Swansea City vs Chelsea, etc. Os menus apresentavam letras pequenas em português, letras garrafais em inglês. Há, em Albufeira, lugares comerciais feitos de ingleses para ingleses. E não existe, em princípio, problema nenhum nisso. Mas interessava-nos a paisagem, a praia viva, a água marítima inexplicavelmente azul, profundamente azul. Demos uma volta por ali a sentir os cheiros. Fomos almoçar à Guia, terra conhecida pelo seu frango, suculento, é certo. Pela tarde, visitámos o Zoomarine, que é um dos mais belos lugares do mundo.  O Zoomarine está construído no sentido de co

O Homem controlador do Universo - Diego Rivera

A genialidade que se sugere este fim-de-semana está relacionada com o nascimento de um movimento cultural e social no México, o Muralismo mexicano e um dos seus mais influentes autores, Diego Rivera. Nascido em Guanajato, México, em 1886, Diego morreu com quase 71 anos em 1957 na cidade do México. Foi um dos mais influentes fundadores do movimento, juntamente com José Orozco e David Siqueiros. Ficou mundialmente conhecido o seu relacionamento com Frida Kahlo, mas foram diversos os seus relacionamentos, mesmo com Frida o seu relacionamento foi conturbado, tendo se separado e junto várias vezes com a pintora. Mas falando do que realmente interessa, das obras, foram várias as obras míticas que o pintor nos deixou. Influenciadas pelos gostos políticos de Rivera, que era um marxista convicto que acolheu Trotsky após a sua expulsão da União Soviética, as suas obras dão grande ênfase à componente social que se reflecte nos seus morais, que procuram mostrar a desigualdade entre

O efeito primaveril

O cheiro matinal a orvalho fresco e húmido Que corre pelas folhas das plantas Traz consigo o canto harmonioso Um lusco-fusco Animado, colorido e glorioso Florido mas também brusco Que faz ressurgir tudo de novo É o alvorecer da vida As cores pintam a paisagem  Voltam a nascer as folhas, as ervas e as flores  Os pássaros voltam da longa viagem  Cantando de forma afinada e agradecida Juntamente com os seus amores O início da hospedagem São os efeitos da Primavera T'shirts, saias e calçoes No futebol, na escola, América e  Coreia Altura de grandes decisões De finos na esplanada e grandes ilusões Constituidas por conversa e longa espera Das filas intermináveis para concertos e aviões  Invadidos por uma alcateia De pólens, alergias e comichões  Nem todos gostam dela Mas não há outra maneira De fugir da Primavera Porque podem cortar uma flôr Mas jamais deterão uma multidão delas.

Cenas da luta de classes em Portugal

Os cravos acompanhavam as pessoas no habitual desfile de 25 de Abril,  o dia foi de comemoração e a boa disposição era geral, até o ar que se respirava era mais fresco e sabia mais a Primavera. Passaram 44 anos desde que foi restaurada a democracia em Portugal, e só por si, esse facto já merece ser comemorado, no entanto a revolução dos cravos foi mais do que a queda de um regime fascista, foi a tentativa de implementação de uma sociedade diferente do até então estabelecido por cá. Os progressos são inegáveis, além da liberdade, conseguimos progressos sociais que nos fizeram ganhar uma diferente consciência. Mas ao longo destes 44 anos já muito se perdeu.  Dos valores de Abril, já pouco sobra e a tendência com o avançar dos anos é piorar. Resta festejar este dia, não só hoje mas todos os dias, senão de nada serve termos outra consciência. Por isso deixo convosco um documentário produzido por dois americanos que acompanharam o período pós 25 de Abril, entre 1975 e 1977, e que mo

Pequeno conto sobre José Sócrates

Era um rapaz bonito, um rapagão nortenho que poderia vir a tornar-se militar ou doutor. Era década de 80, todos ouviam sweet dreams e sonhavam, um novo mundo, os novos rostos da liberdade a agigatarem-se nos painéis das televisões ( a televisão ganhava cores ia ser tão grandioso ). Era Sócrates, por motivos quase proféticos. Era José por motivos quotidianos, e, embora esse estatudo nunca vá ser reconhecido aos olhos de quem não vê o destino, por motivos quase proféticos. Que iam pensar dele? Mas como olhar para trás e fazer prognósticos? Era um rapagão, tinha a esperança e a confiança, a candura e a imagem. Não havia mentira nem uma só no campo minado que parecia dos alpes em tempo de primavera. Ele olhava-se ao espelho muitas vezes, tinha em si o amor por si. Fazia-se entender. Fazia cerrar o punho até ao momento da assinatura. - Que pensam de mim? Perdi muitas pessoas, o castigo foi grande, se me permite Perdeu muitas pessoas - Tentei compensar, há ma

As portas que Abril abriu - Ary dos Santos

Em vésperas de uma das mais importantes datas do calendário português, o 25 de Abril, quero deixar convosco uma genialidade de um verdadeiro génio, que em muito ajudou a que fosse possível a revolução dos cravos, fazendo da poesia uma verdadeira arma da resistência fascista, José Carlos Ary dos Santos. Autor de poemas icónicos do cenário nacional, Ary dos Santos, deixou um antes e um depois da sua passagem pela terra, poemas que se transformaram nas melhores músicas do século XX, como, "a desfolhada", "os putos" "Lisboa menina e moça" e tantas outras que ainda hoje passam nas rádios. Em plena ditadura, corria o ano de 1938, nasce Ary dos Santos. Cedo o seu bichinho pela escrita nasce e já na adolescência, então com 16 anos vê os seus poemas serem escolhidos para o prémio Garret. Ary começou a sua militância em 1969 no Partido Comunista Português, mesmo tendo descendência de famílias aristocratas sempre procurou lutar contra o tipo de sociedade em q

Os recursos e o abismo

Enquanto o capitalismo selvagem existir, os recursos naturais não passam de recursos monetários. Os recursos deveriam ser de todos, assim como o mundo que vivemos, no entanto estes são de uma exclusiva parte, que os procura numa busca infinita num mundo finito. Esta busca incessante e monopolista por parte dos donos disto tudo têm provocado a destruição da mãe Natureza, o que irremediavelmente vai levar também o causador disto tudo ao abismo, o Homem. Esta contradição lógica entre recursos infinitos e mundo limitado faz com que os recursos comecem a escassear. Por agora é o petróleo e o carvão que têm os dias contados, no entanto, e não num futuro muito distante, até os recursos mais vulgares do nosso quotidiano estarão em perigo de escassez. Resta manter a esperança em quem acredita noutro tipo de sociedade. Uma sociedade onde o homem consiga viver em simbiose com o que têm e não com o que quer.